No início do mês, quando o Corona ainda não estava pandêmico aconteceu o Segundo Encontro Brasileiro de Mulheres Viajantes, um evento maravilhoso que juntou 600 mulheres que viajam… rs E no evento pude ter certeza que existem viagens e possibilidades para todos os bolsos, condições e expectativas. E que definitivamente deveríamos nos dar chance de conhecer o Brasil, e por quê não o mundo?
Viajar é uma forma maravilhosa de conhecermos outra cultura, outras realidades e ampliarmos nossa mente, forma de pensar. E nesse encontro maravilhoso pude ouvir histórias de mulheres que conhecem o mundo gastando R$ 28,00/dia. Isso mesmo ela vendeu absolutamente tudo que tinha, transformou em uma bicicleta e hoje viaja o mundo em cima de duas rodas e tem aquelas que gastou R$ 120.000,00 pra poder ser a única mulher que viajou pra estratosfera. Sabe a única coisa que ligavam todas? Palestrantes e plateia… a que viaja vendendo sua arte e a que conhece os hotéis mais caros do mundo? LIBERDADE… a vontade de ser livre, independente o desapego com a rotina.
MENOS ROTINA E MAIS ROTEIROS, era a frase que vinha escrita na mochilinha que ganhamos de brinde e traduzia perfeitamente o que todas foram buscar nesse encontro. Formas de se encontrar, algumas precisam ir pra estratosfera para conseguir ver do que é capaz outras no silêncio do teto estrelado descobre que não precisam de nada , mas todas ali só se preocupavam em serem elas mesmo. E foi delicioso, estar cercada de tanta gente diferentemente igual.
O evento aconteceu em dois dias e no sábado tínhamos um happy hour para trocarmos experiências com as outras mulheres e algumas das palestrantes. Tive o prazer de conseguir tirar foto com quase todas mas infelizmente eu bebi (e Graças a Deus, não aprontei absolutamente nada… fui pro hotel dormir) mas minhas ressacas são homéricas. Pois é… depois de uma idade como vi num meme; não é ressaca, parece dengue. E no domingo acabei perdendo o evento , vim embora mais cedo com muitaaa dor no coração. Mas eu não conseguiria prestar atenção em nada, passando mal. Ano que vem com certeza NÃO BEBEREI mesmo com happy hour com tudo incluso… não adianta eu não sei “beber socialmente” mas já tenho ministrado isso bem e basicamente não bebido nunca, mas acabei me empolgando por ser Pro seco e deu ruim. Mas enfim vivendo e apreendendo.
Vamos começar com a responsável pelo encontro; Gilsimara com mais de 100 carimbos no passaporte. Largou uma carreira sólida e casamento para viver um sonho; conhecer o mundo. Hoje ela tem uma agência de viagens Girls Go que promove viagem somente para mulheres, o que acaba sendo uma chance maravilhosa para quem ainda não tem coragem de colocar a mochila nas costas levando somente a cara e coragem. Você pode escolher um dos destinos que a agência disponibiliza e aproveitar a viagem para conhecer outras mulheres viajantes e assim se inspirar de encarar uma próxima sozinha ou conseguir uma companheira para suas peripécias. Gil foi nossa mestra de cerimônia, hoje ela tem um grupo no facebook destinado a mulheres (lá que eu fiquei sabendo do encontro), um instagram com mais de 30K e assim segue promovendo esse espaço tão nosso, onde nos sentimos seguras para sermos nós mesmas.
Tivemos depois a Manoela Ramos, a @escritoraviajante que descontrói completamente a frase: “se nada der certo viro hippie…” o que de fato seria dar errado? O que nos amarra nesse conceito que dar certo é seguir um script que a maioria leva, com a profissão que todos escolhem. Formada em publicidade, nunca achou que se encaixava na caixinha e queria mais. Não queria começar a semana pensando na sexta, queria que todos seus dias fossem belos finais de semana afinal a vida nada mais é que uma contagem regressiva pro dia da nossa morte e se deixarmos esses dias irem embora pra que outros cheguem estamos desperdiçando vida. Ela nos faz quebrar muitos paradigmas. Depois de viajar o Brasil todo vendendo literalmente miçanga… ela transformou em livros suas aventuras e hoje viaja vendendo suas histórias. Não resisti, lógico que comprei os dois… e depois que ler conto pra vocês o que achei. E se você quer conhecer as histórias dela, corre no insta @escritoraviajante e peça um dos títulos: Confissões de viajante (sem grana) e Em Busca do Norte.
Tivemos ainda os relatos emocionantes de Silvinha Mantovani, idealizadora do @40antesdos40. Uma mulher hoje com um pouco mais de 40 anos, já tendo visitado 59 países que fez de sua fuga do relacionamento abusivo uma filosofia de vida. O que poderia ser uma história triste de refugiada, transformou-se em uma odisseia cosmopolita. Que iniciou como forma de deixar pra trás todos os abusos que passou e aos poucos foi descobrindo que viagens são bem mais que fugas, são morada muitas vezes. E divide conosco todas suas aventuras com o livro homônimo 40 antes do 40, a ideia era visitar 40 países antes dos 40 anos mas a meta foi batida e a paixão em ser cidadã do mundo continuou.
A Dina Barile basicamente fez um stand up, contando todas suas peripécias inclusive fora do planeta Terra. Isso mesmo, ela foi até hoje a única mulher que desembolsou 30 mil dólares por uma viagem pela estratosfera. Uma viagem no mínimo inusitada mas que demonstra que querer é sim poder, traçar metas e colocar os sonhos em perspectiva é uma maneira maravilhosa de viver a vida, com sorriso fácil aos 63 anos, visitou mais de 140 países e o que não falta é história pra contar e sonhos a inspirar, ela simplesmente dá um novo significado para a expressão “o céu é o limite”.
Mariana Malveira traz toda a sagacidade da pouca idade, aquela vontade de fazer o diferente tendo o mundo como quintal. Ela transformou viagem em profissão, acompanhada do irmão e mais alguns amigos desenvolveram a startup Deônibus. Uma plataforma muito massa, em que conseguimos localizar as melhores viagens dentro de nossas necessidades, linkando todas as empresas de ônibus e roteiros oferecidos, facilitando pra todos os usuários.
Também ouvimos sobre finanças, afinal viajar sem dinheiro é um desafio vencido por poucas. A ideia é enxugar os gastos e saber gastar, Dayani Lima representando a Bs2hub, um banco diferente que ajuda em todas as línguas. Viajar para outros países vai muito além de colocar a mochila nas costas, precisamos saber de câmbio de como iremos consumir e se nosso dinheiro lá vai ser o suficiente, ou fazê-lo ser investindo e sempre estando ligada nas taxas e oportunidades.
A blogueiríssima lalarebelo, foi inspiração pura. Especializada em viagens de luxo, que mexe mais com nosso imaginário do que com nossas possibilidades veio desmistificar que crianças só conseguem acompanhar os pais na primeira classe. Veio trazer um pouco do pensamento de fora da caixa, que temos que mudar os roteiros com a chegada dos filhos. Eu que já estava na pegada de cair na estrada com as crianças me aticei toda e fiquei imaginando mil opções pra carimbar o passaporte deles.
E encerrando o primeiro dia de evento, veio Juli Hirata… simplesmente fantástica, colocou o peso do mundo nas costas ou melhor em uma bike e foi buscar seus sonhos. Tirou de si o peso das regras e resolveu trilhar seu próprio caminho, acompanhada somente dela mesmo e da sua bicicleta. Trilhando as américas chegando ao Alaska pedalando e fazendo camping selvagem ela ressignifica o que é vida.
E com uma atmosfera de donas do mundo, chegamos ao fim do primeiro dia de evento. Tendo um happy hour com defrizante e pizza nos esperando para confraternizarmos e contarmos nossas próprias aventuras, trocarmos experiências com outras mulheres, rirmos e chorarmos. Um dia de expansão de pensamento e de círculo de amizades. Eu infelizmente acabei bebendo mais do que deveria.
Mas o sábado valeu imensamente para sair inspirada e cheia de idéias de roteiros e viagens. Pensar fora da caixa, sem nos limitar a fronteiras tira um peso imenso de ter que encaixar-se começamos a perceber que o desapego e descomprometimento podem ser sentimentos muito bem vindos, se você não quer ter âncoras e sim asas.